Esta cena parou o Brasil.
Muitos dizem que o Brasil é o país do futebol. Não contesto, apenas acrescento: O Brasil também é o país da Tele-novela.
Nossa teledramaturgia é com certeza uma das nossas melhores expressões artísticas, pois nos retrata, conta muito do nosso jeito de viver, de pensar, e nos revela para terras distantes daqui. Muita gente torce o nariz, age com indiferença, assume uma pretensa intelectualidade, mas querendo ou não um dia já assistiu ou teve curiosidade por alguma novela de tv.
Afinal de contas as tramas mudaram muito desde o tempo em que eram apenas ouvidas pelos rádios, ou então quando eram dramalhões históricos feitos para o aparelhos em preto e branco dos anos cinqüenta ou sessenta. Antes produto restrito às mulheres hoje ganhou a presença de toda a família diante da telinha. E uma das responsáveis por esta atração foi a grande novelista Janete Clair. Ela soube atrair uma grande parte da audiência, que antes dela não era muito interessada em novela: Os Homens! Sim, antes da sua espetacular “Irmãos Coragem” os homens não se interessavam muito por novela. Entretanto nesta trama, a autora soube mesclar elementos que atraíram logo de cara o público masculino, uma boa história no maior clima de bang-bang nos interiores do Brasil, um personagem jogador de futebol, e outros ingredientes que fortaleceram o gênero para tudo e para todos. E mais revelaram o grande talento da autora de tramas como “Selva de Pedra”, “Pecado capital”, “O Astro” ou “Pai Herói”.
Outro grande mérito da telenovela foi saber burlar a censura numa época em que o Brasil vivia mergulhado numa ditadura. As tramas dos anos setenta (muitas delas escritas por autores de teatro que haviam sido impedidos de escrever para os palcos e que migraram para a tv), eram tramas modernas, ousadas, que diziam tudo o que não se podia dizer sem ninguém perceber, pelo menos para aqueles que só sabiam proibir. São desta época sucessos como “O Bem Amado”, “Espigão” ou “Saramandaia” de Dias Gomes, “Escalada”, “O Casarão” ou “Espelho Mágico” de Lauro César Muniz, “O Bofe” ou “O Rebu” de Bráulio Pedroso.
Isto sem deixar de comentar sobre dois autores inesquecíveis e que deixaram muita saudade, ambos pioneiros, da época em que a televisão surgiu no Brasil e que souberam como ninguém contar uma boa história: Cassiano Gabus Mendes com seu universo particular de tipos sempre interessados em se dar bem como em “Beto Rockfeller”, “Anjo Mau”. “Locomotivas”, “Plumas e Paetês entre outras. E Ivani Ribeiro com sua tramas simples, quase ingênuas, mas muito cheias de carisma e encanto, como “Mulheres de Areia”, “A Viagem” ou “A Gata Comeu”.
A década de setenta também revelaria outro grande nome da nossa teledramaturgia: Gilberto Braga. Que revolucionou com uma trama cheia de atrativos, a novela de 1978 “Dancin Days” e que até hoje não se sabe se levou o público às discotecas ou quem freqüentava as discotecas para a frente da tv. Autor que descreve como ninguém o charmoso universo da alta sociedade carioca, em “Água viva”, “Louco Amor”, “Dono do Mundo” e na arrebatadora “Vale Tudo” onde todos se perguntaram “Quem matou Odette Roittman?”
Outro dos grandes e que merece um capítulo à parte é o maravilhoso Sílvio de Abreu. Ele soube trazer o humor, a comédia rasgada para o horário das sete em tramas divertidíssimas como “Jogo da Vida”, “Guerra dos Sexos”, “Cambalacho” e “ Sassaricando”. E no horário nobre com as clássicas “Rainha da Sucata” e “A próxima Vítima”, esta última um suspense de primeira que parou o Brasil.
É claro que faço uma pincelada bem geral sobre o tema, temos ainda grandes autores como Benedito Ruy Barbosa, autor de “Cabocla”, “Pantanal” e “Rei do Gado”, Aguinaldo Silva com “Tieta”, “Pedra sobre Pedra e “Senhora do destino”, Glória Perez com “Barriga de Aluguel”, “ Explode Coração” e “ O Clone”, Manoel Carlos com “História de amor” “Por amor” ou Laços de Família”.
Enfim, com tanta variedade, com tantos gêneros distintos, com tantas maneiras de se contar histórias, não tem como se cansar. Novela é o verdadeiro vício do brasileiro!
Nossa teledramaturgia é com certeza uma das nossas melhores expressões artísticas, pois nos retrata, conta muito do nosso jeito de viver, de pensar, e nos revela para terras distantes daqui. Muita gente torce o nariz, age com indiferença, assume uma pretensa intelectualidade, mas querendo ou não um dia já assistiu ou teve curiosidade por alguma novela de tv.
Afinal de contas as tramas mudaram muito desde o tempo em que eram apenas ouvidas pelos rádios, ou então quando eram dramalhões históricos feitos para o aparelhos em preto e branco dos anos cinqüenta ou sessenta. Antes produto restrito às mulheres hoje ganhou a presença de toda a família diante da telinha. E uma das responsáveis por esta atração foi a grande novelista Janete Clair. Ela soube atrair uma grande parte da audiência, que antes dela não era muito interessada em novela: Os Homens! Sim, antes da sua espetacular “Irmãos Coragem” os homens não se interessavam muito por novela. Entretanto nesta trama, a autora soube mesclar elementos que atraíram logo de cara o público masculino, uma boa história no maior clima de bang-bang nos interiores do Brasil, um personagem jogador de futebol, e outros ingredientes que fortaleceram o gênero para tudo e para todos. E mais revelaram o grande talento da autora de tramas como “Selva de Pedra”, “Pecado capital”, “O Astro” ou “Pai Herói”.
Outro grande mérito da telenovela foi saber burlar a censura numa época em que o Brasil vivia mergulhado numa ditadura. As tramas dos anos setenta (muitas delas escritas por autores de teatro que haviam sido impedidos de escrever para os palcos e que migraram para a tv), eram tramas modernas, ousadas, que diziam tudo o que não se podia dizer sem ninguém perceber, pelo menos para aqueles que só sabiam proibir. São desta época sucessos como “O Bem Amado”, “Espigão” ou “Saramandaia” de Dias Gomes, “Escalada”, “O Casarão” ou “Espelho Mágico” de Lauro César Muniz, “O Bofe” ou “O Rebu” de Bráulio Pedroso.
Isto sem deixar de comentar sobre dois autores inesquecíveis e que deixaram muita saudade, ambos pioneiros, da época em que a televisão surgiu no Brasil e que souberam como ninguém contar uma boa história: Cassiano Gabus Mendes com seu universo particular de tipos sempre interessados em se dar bem como em “Beto Rockfeller”, “Anjo Mau”. “Locomotivas”, “Plumas e Paetês entre outras. E Ivani Ribeiro com sua tramas simples, quase ingênuas, mas muito cheias de carisma e encanto, como “Mulheres de Areia”, “A Viagem” ou “A Gata Comeu”.
A década de setenta também revelaria outro grande nome da nossa teledramaturgia: Gilberto Braga. Que revolucionou com uma trama cheia de atrativos, a novela de 1978 “Dancin Days” e que até hoje não se sabe se levou o público às discotecas ou quem freqüentava as discotecas para a frente da tv. Autor que descreve como ninguém o charmoso universo da alta sociedade carioca, em “Água viva”, “Louco Amor”, “Dono do Mundo” e na arrebatadora “Vale Tudo” onde todos se perguntaram “Quem matou Odette Roittman?”
Outro dos grandes e que merece um capítulo à parte é o maravilhoso Sílvio de Abreu. Ele soube trazer o humor, a comédia rasgada para o horário das sete em tramas divertidíssimas como “Jogo da Vida”, “Guerra dos Sexos”, “Cambalacho” e “ Sassaricando”. E no horário nobre com as clássicas “Rainha da Sucata” e “A próxima Vítima”, esta última um suspense de primeira que parou o Brasil.
É claro que faço uma pincelada bem geral sobre o tema, temos ainda grandes autores como Benedito Ruy Barbosa, autor de “Cabocla”, “Pantanal” e “Rei do Gado”, Aguinaldo Silva com “Tieta”, “Pedra sobre Pedra e “Senhora do destino”, Glória Perez com “Barriga de Aluguel”, “ Explode Coração” e “ O Clone”, Manoel Carlos com “História de amor” “Por amor” ou Laços de Família”.
Enfim, com tanta variedade, com tantos gêneros distintos, com tantas maneiras de se contar histórias, não tem como se cansar. Novela é o verdadeiro vício do brasileiro!
Daniel Pilotto.
Grande conhecedor da dramaturgia brasileira,cinema,principalmente clássicos.